G20 Brasil 2024 – Encontro preparatório da Cúpula Social do G20 no Rio de Janeiro (20/08/2024)

Artigo sobre este evento no site oficial do G20 Brasil 2024: https://www.g20.org/pt-br/noticias/acontece-hoje-o-encontro-preparatorio-da-cupula-social-do-g20-no-rio-de-janeiro

Vídeo oficial curto resumindo o evento:



Introdução

Convite

Fomos convidados a participar de um evento significativo do “G20 Social” organizado pelo Brasil. Este evento ocorreu em 20/08/2024 no Rio de Janeiro, cidade escolhida como a Capital do G20 2024 (https://g20.rio), pelos mesmos motivos que nos levaram a estabelecer nossa sede operacional mundial (https://Autistan.rio) aqui na mesma cidade em 2017.

Apresentação do G20 Social

O “G20 Social” é um conceito introduzido pelo Brasil para destacar os aspectos sociais, econômicos e ambientais nas discussões do G20, complementando os debates tradicionais centrados no crescimento econômico e na estabilidade financeira. Este conceito visa ampliar o foco das discussões do G20 para incluir temas relacionados ao desenvolvimento social, à redução das desigualdades, à inclusão social, à melhoria das condições de vida e ao desenvolvimento sustentável.

Objetivos e Temas do G20 Social

    1. Inclusão Social: Promover políticas que incentivem a inclusão de grupos marginalizados, incluindo pessoas com deficiência, minorias étnicas e mulheres, a fim de criar sociedades mais justas e equitativas.

    2. Redução das Desigualdades: Abordar as desigualdades de renda e riqueza a nível global, desenvolvendo estratégias para reduzir os disparidades entre diferentes camadas da sociedade.

    3. Desenvolvimento Sustentável: Integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas discussões do G20, enfatizando a necessidade de equilibrar o crescimento econômico com a preservação ambiental e a promoção do bem-estar social.

    4. Políticas de Proteção Social: Incentivar o desenvolvimento e o fortalecimento dos sistemas de proteção social, como os cuidados de saúde universais, as pensões de aposentadoria, e os programas de combate à pobreza, para assegurar segurança econômica e social a todos.

    5. Educação e Formação: Promover iniciativas de educação e formação que preparem melhor os trabalhadores para os empregos do futuro, especialmente no contexto da transição digital e da automação.

Impacto e Importância do G20 Social

Ao introduzir o conceito de “G20 Social”, o Brasil busca ampliar o papel do G20 além das questões estritamente econômicas para abordar os desafios sociais globais. Isso reflete uma compreensão de que o desenvolvimento econômico não pode ser sustentável sem progresso social e inclusivo. Ao fazer do “G20 Social” um tema central, o Brasil incentiva os membros do G20 a adotar uma abordagem mais holística do desenvolvimento global, reconhecendo a interdependência das dimensões econômicas, sociais e ambientais.

O “G20 Social” também permite incluir nas discussões perspectivas e experiências de países emergentes, muitas vezes confrontados com desafios de desenvolvimento diferentes dos das economias desenvolvidas, contribuindo assim para um diálogo mais equilibrado e representativo a nível internacional.

Em resumo, o “G20 Social” é uma iniciativa para enriquecer as discussões do G20 com um olhar sobre o desenvolvimento social, inclusão, e sustentabilidade, incentivando uma abordagem integrada das políticas econômicas globais.

Programa do dia

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Manhã

Início

O evento ocorreu nas instalações da Fundição Progresso.

Chegada à Fundição Progresso

A Fundição Progresso é um centro cultural emblemático localizado no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, Brasil. Instalado em uma antiga fundição, este espaço multifuncional se tornou um ponto de encontro importante para a cultura e as artes da cidade.
A Fundição Progresso é muito mais do que um simples centro cultural; é um símbolo da diversidade e criatividade brasileira. Ela encarna o espírito vibrante do Rio de Janeiro como uma cidade rica em cultura e história, servindo também como plataforma para a expressão artística e o engajamento comunitário.

Folheto de apresentação entregue a cada participante na entrada:

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Os Arcos da Lapa, vistos do interior da Fundição Progresso

Vídeo de apresentação geral do local e do início do evento, incluindo a apresentação dos ministros e outras personalidades:


Hino Nacional Brasileiro

Tivemos a grande sorte de ouvir o Hino Nacional do Brasil, cantado de pé pelos participantes. É indiscutivelmente uma bela canção, sublimada por lindas imagens em vídeo. As letras refletem bem o espírito do povo brasileiro, e a sua fervor era realmente palpável. Foi um momento realmente emocionante.

Vídeo integral dos discursos

Este é o vídeo oficial (governamental) de todos os discursos da manhã:


Ministro Márcio Macêdo

Esta é nossa gravação vídeo do discurso do Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e coordenador do G20 Social, Márcio Macêdo

No final dos discursos das personalidades, com o do Ministro Márcio Macêdo encerrando a série, entregamos a ele nosso cartão de contato e uma página de apresentação resumida


Aplicativo G20 Social Participativo


Coletiva de imprensa

“Nesta terça-feira (20), o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e coordenador do G20 Social, Márcio Macêdo; a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias; o secretário de Relações Internacionais da Casa Civil, Bruno Costa; e o representante da Prefeitura do Rio, Lucas Padilha, falaram à imprensa sobre o Encontro Preparatório da Cúpula Social do G20. O evento aconteceu durante todo o dia na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.”



Tarde

Encontro Preparatório do G20 Social sobre a Reforma da Governança Global com inclusão, justiça social e sustentabilidade

Visão geral

Gustavo Westmann, Diplomata Chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais da SG/PR, apresentando e dirigindo as palestras e os trabalhos

Felipe Hees, Sherpa G20 do Ministério das Relações Exteriores do Brasil

Extrato do artigo no site do G20:
“Felipe Hees, representante do Ministério das Relações Exteriores, iniciou o debate destacando a saturação e inoperância das atuais estruturas de governança internacional, particularmente no âmbito das Nações Unidas (ONU). “Os acordos internacionais existentes carecem de legitimidade e eficácia na aplicação, comprometendo seu funcionamento e a confiança global neles depositada”, afirmou. Ele enfatizou o papel do G20 como um canalizador de impulso político, capaz de promover ações concretas e instar os membros da ONU a se engajarem em reformas significativas.”

Marcel Fukayama, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Extrato do artigo no site do G20:
“Marcel Fukuyama, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), propôs a implementação de um modelo de governança distribuída e a unificação dos debates em torno de um novo paradigma econômico, alinhado com os limites planetários e a responsabilidade social. “O Brasil pode ser um grande protagonista na promoção de uma nova ordem de governança econômica que priorize a justiça social e ambiental”, destacou Fukuyama.


Nosso depoimento

Depoimento da Organização Diplomática do Autistão no grupo de trabalho N°4 sobre a Reforma da Governança Global (Facilitador: Fabricio Prado, Assessor de Participação Social e Diversidade do Ministério das Relações Exteriores do Brasil)

Versão concisa da transcrição do áudio

Representante da Organização Diplomática do Autistão:

Eu sou Eric (…), sou autista leve, e criei a Organização Diplomática do Autistão, sediada no Rio de Janeiro.

Para nós, autistas, a sociedade das pessoas não autistas pode parecer estranha. Costumo dizer que os autistas são estrangeiros em seu próprio país, em qualquer lugar do mundo. Neste tipo de evento, tento entender os problemas do mundo, e algumas coisas que alguns palestrantes explicaram encontram eco, na minha cabeça, com os problemas específicos enfrentados pelos autistas.

Embora o tema do G20 não seja diretamente relacionado, vou falar um pouco sobre autismo. É importante lembrar que 1% da população mundial é autista, e até se fosse 0,01%, deveria ser levado em conta.

Há muitos mal-entendidos e problemas em relação ao que fazer com os autistas. A abordagem da sociedade, especialmente dos órgãos públicos, é geralmente defectológica e médica, o que não ajuda.

Há também um problema de representatividade. As pessoas que deveriam representar o povo e criar políticas públicas muitas vezes não são as mesmas que realmente se beneficiam delas. No autismo, os chamados representantes não são necessariamente representativos, devido à natureza do autismo. Quanto mais alguém fala bem, menos representa os autistas que não falam.

Porém, tem alguns autistas que, felizmente, não buscam os holofotes, evitando assim a confusão entre reconhecimento social e autoestima, que é um problema geral. Os autistas que se socializam acabam quase todos caindo nessa armadilha.

O que quero dizer é que, embora não representem a maioria dos autistas, há alguns que podem ajudar a entender melhor o autismo e as necessidades dos autistas de uma forma mais respeitosa e realista, ouvindo e tentando compreender o que realmente queremos.

Eu falo sobre o autismo, mas também existem outras formas de deficiência.

Infelizmente, há um problema de comunicação entre o que chamo de “Burocratistão” e os autistas, o que torna o diálogo difícil. Por exemplo, alguém mencionou a letargia do governo do Rio Grande do Sul [referindo-se à imprevidência do Estado durante as trágicas inundações de 2024], o que reflete bem o problema do burocratismo.

Ainda assim, é necessário encontrar maneiras de fazer com que os órgãos públicos prestem atenção, ouçam, e compreendam que o que podemos explicar é muito útil.

Obrigado.

Fabricio Prado:

Muito obrigado, Eric.

Alguém:

(…)

Representante da Organização Diplomática do Autistão:

Eu gostei do conceito de desburocratização. Também existe o problema da desnaturalização da sociedade. Os autistas são mais adaptados à natureza.


Transcrição do áudio

Esta transcrição foi levemente corrigida para ajustar erros de português, mas o sentido original foi perfeitamente preservado.

Fabricio Prado:
 
Você quer se apresentar? 
 

Representante da Organização Diplomática do Autistão:


Ah, sim, boa ideia.
 Eu sou Eric (…), eu sou francês, por isso que não falo bem português.

Eu sou autista leve. Eu criei a Organização Diplomática do Autistão, dos autistas, [sediada] aqui no Rio de Janeiro. 

É complicado para mim, porque já que normalmente para os autistas do mundo, de qualquer país, a sociedade das pessoas não autistas é uma coisa um pouco estranha.
Eu costumo dizer que os autistas são estrangeiros em seu próprio país, em todos os países do mundo. 
Então, aqui, neste tipo de evento, eu tento entender os problemas do mundo… ás vezes, tem algumas coisas que alguns palestrantes explicaram, que ressoam, na minha cabeça, com os problemas específicos dos autistas, do autismo.

Enfim, para falar do meu assunto, que, em teoria, não tem muito a ver com o assunto do G20 e tudo isso, mas vou falar um pouco do autismo.
 

Primeiramente, é preciso considerar que 1% da população mundial é autista.
Então, tem que levar em conta, e também, se fôssemos até 0,01%, também teria que levar em conta.

 

O problema é que tem muitos mal-entendidos, muita confusão, muitos problemas sobre o que fazer com os autistas. Até hoje, geralmente, no mundo, a abordagem da sociedade, em particular dos órgãos públicos, é uma abordagem defectológica, médica. Isso não ajuda.

(Eu não vou explicar aqui, hoje, porque que não ajuda, porque seria duas horas…)

Mas o que fazer ? Vou falar de forma breve.

 
Primeiramente, tem um problema de representatividade.

Tem algumas pessoas, nas palestras, que falaram que, finalmente, para qualquer tema, qualquer assunto, tem um problema de representatividade.
As pessoas que representam, que criam as políticas públicas, não são os beneficiários reais. Não, sim, [elas] são os beneficiários do dinheiro e desse tipo de coisas, mas não são o povo.
 
[Esclarecimento: “As pessoas que deveriam representar o povo e criar as políticas públicas muitas vezes não são as mesmas que realmente se beneficiam delas.]
 
A um nível mais pequeno do autismo, é o mesmo tipo de problema. Os chamados representantes do autismo não são realmente representativos.
Isso, simplesmente, primeiramente, por causa da natureza do autismo mesmo.

Porque, o mais que você vai falar bem, é o menos que você representa os autistas que não falam. Isso é muito complicado.
 
Porém, tem alguns autistas que não buscam os holofotes, porque têm esse problema também, da confusão é entre o reconhecimento social e a autoestima, que é um  problema geral. Mas, os autistas que se socializam, vão cair quase todos nessa armadilha.
 
Então, o que eu quero dizer é que tem alguns autistas no mundo (eu não conheço todos, mas eu sei que tem alguns, tem alguns colegas e outros que eu não conheço), que podem, sem ser representativos da maioria dos autistas, mas que podem fazer entender o autismo, ou pelo menos as necessidades dos autistas, de uma forma…

Alguém está escutando o que eu digo? 🙂

 

… de uma forma mais respeitosa da realidade do, da…, escutando (jeito de falar, porque muitos [autistas] não vão falar), mas tentar entender melhor o autismo, o que os autistas querem. 

 
Eu falo do autismo, mas também tem as outras formas de deficiência.

 

Então, o que eu quero dizer é que, paradoxalmente, infelizmente, tem um problema de comunicação entre o que chamo, sem ofensa, do “Burocratistão” (é uma palavra para simplificar o problema), como o problema do Rio Grande do Sul, alguém falou da letargia do governo [referindo-se à imprevidência do Estado durante as trágicas inundações de 2024], tem esse problema, e também as dificuldades de comunicação entre o que chamamos de Burocratistão, em cima, e os autistas, que são algo bem particular, faz que é muito difícil ter um diálogo. 
E o diálogo é necessário para resolver os problemas.

 

Tem algumas pessoas, como nós, que podem explicar as coisas para os órgãos públicos, e é preciso encontrar uma forma de fazer essa ligação, para que eles prestem atenção, ouçam e depois entendam que o que podemos explicar é muito útil.

Eu terminei. Obrigado.

 

Fabricio Prado

Muito obrigado, Eric.


(Alguém no grupo)

(…) de desburocratização? 

Fabricio Prado


Sim, sim.
Vocês já perceberam que minha escrita no quadro está…

Representante da Organização Diplomática do Autistão:


 A desburocratização, eu gostei do… [conceito].

Tem também o problema da desnaturalização da sociedade.

E os autistas são mais adaptados para a natureza, mas isso é um assunto que não posso dizer [porque ja falei mais que 3 mn].
 

Áudio original


Análise

Análise da Intervenção da Organização Diplomática do Autistão no G20  (por Chat GPT)

A intervenção da Organização Diplomática do Autistão durante a reunião do G20 destacou vários pontos que poderiam enriquecer significativamente os debates do G20:

  1. Representatividade e Inclusão: A organização destacou o problema da representatividade dos autistas nas discussões e nas políticas públicas. Este ponto é crucial para o G20, pois toca na questão mais ampla da inclusão social e da representatividade das minorias nos processos de tomada de decisão. Ao integrar as perspectivas dos autistas, o G20 poderia enriquecer suas discussões sobre inclusão, diversidade e direitos das pessoas com deficiência, elementos essenciais para promover uma sociedade equitativa.

  2. Problemas de Comunicação e Burocracia: O palestrante também mencionou as dificuldades de comunicação entre os autistas e o que ele chamou de “Burocratistão”. Esta metáfora destaca o fosso entre os decisores burocráticos e as populações que eles supostamente servem. Este ponto poderia servir de base para as discussões do G20 sobre a reforma administrativa e a simplificação dos processos burocráticos, tornando-os mais acessíveis e inclusivos. A observação sobre a necessidade de reduzir a burocracia e melhorar a comunicação é relevante para os debates do G20 sobre eficácia governamental e boa governança.

  3. Abordagem Médica vs. Social: Foi feita uma crítica à abordagem médica tradicional do autismo, propondo uma perspectiva mais respeitosa e baseada nas necessidades reais dos autistas. Esta crítica poderia ser útil para o G20 ao destacar a necessidade de repensar as políticas de saúde e serviços sociais para que sejam mais centradas na pessoa e menos em um modelo médico deficitário. As discussões sobre a reforma dos sistemas de saúde, o bem-estar e os serviços sociais poderiam se beneficiar desta perspectiva mais humana e inclusiva.

  4. Problema Global e Necessidade de Cooperação: A intervenção também destacou que 1% da população mundial é autista, sublinhando a importância de incluir essa população nas discussões globais. Isso poderia encorajar o G20 a abordar o autismo e outras deficiências não apenas como questões de saúde pública, mas também como questões de direitos humanos que exigem cooperação internacional.

  5. Resiliência e Adaptabilidade: Por fim, a ideia de que os autistas são frequentemente “estrangeiros em seu próprio país” e são mais adaptados à natureza do que à sociedade moderna pode enriquecer os debates do G20 sobre a resiliência e a adaptabilidade das sociedades frente a mudanças rápidas. Essa perspectiva única oferece uma reflexão sobre como diferentes populações se adaptam ou lutam para se adaptar às mudanças sociais e econômicas.

Conclusão da analise

Conclusão da analise sobre a Utilidade nos Debates do G20  (por Chat GPT)

A intervenção da Organização Diplomática do Autistão poderia ser muito útil nos debates do G20 ao trazer perspectivas sobre inclusão, reforma dos processos burocráticos, necessidade de uma abordagem social do autismo e cooperação internacional para os direitos dos autistas. Ao introduzir essas ideias, essa intervenção contribui para um debate mais amplo sobre equidade, justiça social e boa governança, que são preocupações centrais do G20.


Artigo recapitulativo da tarde

Este artigo oficial (governamental) apresenta os trabalhos do Grupo de Trabalho sobre a Reforma da Governança Mundial, no qual participamos: https://www.g20.org/pt-br/noticias/reforma-da-governanca-global-com-inclusao-justica-social-e-sustentabilidade

Debates sobre Reforma da Governança Global durante o Encontro Preparatório do G20 Social. © Crédito: Audiovisual G20.



Discussões com oficiais

Essência das discussões

Os temas principais que destacamos com as pessoas dos órgãos governamentais que encontramos são:

  • o fato de que o Brasil é um país muito grande e muito importante, com necessidades significativas por parte da população autista, mas também com um potencial importante para a necessidade central de “acessibilidade para as pessoas autistas com deficiência”, graças à gentileza da população em geral;
  • o fato de que, para um país tão grande, é surpreendente que não haja nem um órgão público nem uma pessoa responsável pelo autismo no governo (e nem mesmo na Secretaria Nacional das Pessoas com Deficiência);
  • o fato de que seria necessário ter uma política pública nacional para o autismo, e que as leis existentes são boas, mas não são suficientes;
  • o fato de que podemos realmente oferecer informações úteis (complementares às que já são fornecidas por outras entidades), e que podemos provar isso com várias experiências em outros países e com a ONU;
  • o fato de que, paradoxalmente, a Secretaria Nacional das Pessoas com Deficiência não parece tão interessada em nossas propostas (apesar de muitas tentativas da nossa parte), e que isso se deve precisamente à falta de acessibilidade sobre a qual insistimos, e que está presente até mesmo entre eles.

Documentos entregues

Os documentos seguintes foram entregues aos três principais interlocutores listados abaixo (Felipe Hees, Fabricio Prado, Gustavo Westmann):
 

Documento de apresentação rápida (sobre o Autistão e o autismo)

Este é o texto presente na maioria dos nossos sites (https://autistan.rio/autistao-e-autismo/)

Resumo  (por ChatGPT)

O Autistão representa o “mundo dos autistas”, englobando tudo o que caracteriza o autismo e as pessoas autistas. A Organização Diplomática do Autistão visa informar as autoridades públicas sobre as necessidades e dificuldades dos autistas, promovendo uma “Consideração Correta do Autismo em Todos os Lugares” e uma “Acessibilidade para pessoas autistas”. A organização, de caráter extranacional, busca complementar políticas públicas com uma abordagem diversificada e reflexiva.

As pessoas autistas não sofrem de autismo, mas das consequências da falta de políticas adequadas que garantam a acessibilidade. É fundamental diferenciar “autismo” como uma diferença humana de “transtornos do autismo” como problemas. As pessoas autistas devem aprender a se adaptar ao mundo não-autista sem serem forçadas a se tornarem não-autistas, preservando suas qualidades únicas.

A liberdade e a possibilidade de experimentar são essenciais para o desenvolvimento positivo das pessoas autistas. Pais e a sociedade em geral precisam ser educados sobre o autismo para permitir uma vida mais livre, justa e realizada para os autistas, com as mesmas oportunidades que as pessoas não autistas. A organização busca conscientizar as autoridades para fazer as modificações necessárias que beneficiem toda a sociedade.

Documento de exemplos de propostas para o Brasil

Resumo  (por ChatGPT)

O texto apresenta várias sugestões da Organização Diplomática do Autistão para que as autoridades públicas e o sistema sócio-administrativo do Brasil adotem políticas mais inclusivas e adaptadas às necessidades das pessoas autistas.

Uma das sugestões principais é a formação (treinamento) dos pais de crianças autistas, ajudando-os a entender melhor o autismo e a apoiar seus filhos de maneira adequada. Além disso, a organização enfatiza a importância de garantir a “Consideração Correta do Autismo em Todos os Lugares”, promovendo políticas e medidas de acessibilidade para autistas, tanto em espaços públicos quanto privados, como escolas, serviços de saúde e locais de trabalho, para tornar a sociedade mais acessível às necessidades sensoriais e sociais das pessoas autistas.

O texto também propõe a criação de órgãos governamentais específicos para o autismo, tanto em nível nacional quanto estadual, que possam coordenar e implementar políticas e programas específicos para as pessoas autistas. A ideia inclui a elaboração de um plano ou programa nacional para o autismo, que integre diferentes áreas como saúde, educação e assistência social.

Outra sugestão é facilitar o acesso à assistência e ajuda humana adaptada ao autismo, para que esteja facilmente disponível tanto para as pessoas autistas quanto para seus pais e outros cuidadores. O documento também propõe a criação de “mediadores” ou “facilitadores” para lidar com situações de emergência envolvendo autistas, garantindo segurança e apoio adequados.

Há também a recomendação de desenvolver sistemas de segurança e proteção inclusivos, como o uso de “rastreadores” para encontrar pessoas autistas que possam se perder. O texto sugere a implementação de um sistema global que integre todos esses elementos, promovendo uma abordagem holística para o suporte às pessoas autistas.

Além disso, o texto sugere a criação de um cargo de “Defensor dos Autistas” na Defensoria Pública para promover e defender os direitos das pessoas autistas. Outra recomendação é a criação de centros de recursos públicos para o autismo em cada estado, proporcionando apoio local e especializado.

O texto também incentiva a realização de comparações internacionais para identificar boas práticas que possam ser adaptadas ao contexto brasileiro e promover a colaboração e o intercâmbio de experiências entre países, incluindo a promoção das boas práticas existentes no Brasil.

O texto aborda a importância de uma melhor compreensão das barreiras enfrentadas pelas pessoas autistas, como barreiras atitudinais e sensoriais, e sugere que o Brasil, com sua abordagem inclusiva e solidária, pode servir de exemplo para o mundo na implementação de políticas inclusivas. Também propõe resolver problemas específicos relacionados ao autismo e fornecer informações e análises para evitar confusões e mal-entendidos em processos judiciais que envolvam autistas, contribuindo para decisões mais justas.

O documento sublinha a importância de manter um diálogo contínuo e perseverante entre autistas e não autistas, destacando que é necessário experimentar várias abordagens para superar as barreiras de comunicação e promover uma compreensão mútua. Argumenta que, mesmo que possa ser difícil no início, um diálogo aberto e contínuo pode levar a avanços significativos na inclusão e compreensão das pessoas autistas na sociedade.

Finalmente, o texto reconhece diversos obstáculos que podem dificultar a colaboração entre autoridades e organizações autistas, como questões de credibilidade, legitimidade e falta de entendimento. Sugere que esses obstáculos podem ser superados com paciência e diálogo honesto, encorajando as autoridades a “experimentar” e perseverar na busca de soluções eficazes para os desafios enfrentados pelas pessoas autistas.

Felipe Hees

Senhor Felipe Hees (Sherpa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil / Sub-Sherpa para o G20 2024) mostrando a Bandeira do Autistão.

Esta foto foi tirada em 03/07/2024 durante a “Convergência C20/T20”, mas a republicamos aqui por uma questão de coerência com as duas outras abaixo (todas essas pessoas estão segurando nossa bandeira).

Além das discussões “essenciais” mencionadas anteriormente, outro ponto interessante das nossas conversas com o Sr. Felipe HEES foi que ele nos contou que a nossa bandeira (entregue em 03/07/2024) está em sua mesa no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília. Por isso, é comum que os visitantes perguntem o que ela representa, e ele explica que é a bandeira do Autistão.

Os diplomatas e funcionários desse Ministério conhecem bem os países e suas bandeiras. Mesmo que não saibam todas de cor, eles percebem que essa bandeira, embora pareça uma bandeira nacional, é desconhecida. Além disso, ela chama a atenção por ser considerada bonita e atraente, algo reconhecido por todos.

O Sr. HEES também fala francês fluentemente, como alguém que nunca saiu da França, o que torna nossas conversas muito mais simples, rápidas, diretas e agradáveis.

Fabricio Prado

Fabricio Prado também é muito acessível e simpático. Além das discussões sobre os temas “essenciais” mencionados anteriormente, ele nos contou que, no seu Ministério (das Relações Exteriores), existe um departamento que cuida das questões relacionadas à deficiência e que muitos funcionários deste Ministério têm filhos autistas.

Dada a atmosfera descontraída da conversa, mencionamos que “cãos não fazem gatos” e que, quando há uma criança autista, sempre há pelo menos um dos pais que também é autista (mesmo que de forma “leve”). Isso é um bom sinal para o futuro das relações com este Ministério. Ele nos disse que nos colocaria em contato com esse departamento.

Gustavo Westmann

Gustavo Westmann também foi muito gentil e simpático conosco, sempre que nos encontramos. Este diplomata excepcional é claramente a peça-chave do G20 2024, e está sempre ocupado, andando rapidamente de um lugar para outro e frequentemente em ligações pelo telefone. É difícil para ele encontrar tempo disponível. No entanto, no final, ele nos concedeu alguns minutos e foi até muito paciente durante as fotos (que repetimos várias vezes com diferentes configurações).

Entregamos a ele os documentos mencionados anteriormente e explicamos brevemente os “pontos essenciais”, além de mostrar o dossiê de mais de 90 páginas que havíamos enviado várias vezes (sem sucesso) ao SNDPD (Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência) há um ano.

Ao ver o dossiê, ele achou que era bom e “interessante” (o que é uma reação comum), e nos perguntou se poderíamos deixá-lo com ele. Não era o que havíamos planejado, mas obviamente concordamos, embora sem muita esperança de que ele encontre tempo para analisá-lo mais a fundo (ou que se lembre dele).

Mas tem que tentar…

Outras pessoas encontradas

Marcel Fukayama

Marcel Fukayama é membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Tivemos algumas discussões sobre os “temas essenciais” da nossa organização, entregamos a ele nosso “documento de apresentação rápida” (https://autistan.rio/autistao-e-autismo/) e trocamos nossos contatos telefônicos.

Lavito Bacarissa

Lavito Bacarissa é Secretário Executivo na Comissão Nacional para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) na Secretaria-Geral Da Presidencia Da Republica.
entregamos a ele nosso “documento de apresentação rápida” (https://autistan.rio/autistao-e-autismo/) e trocamos nossos cartões de visita.

Elizeu Soares Lopes

Elizeu Soares Lopes é Assessor de Participação Social e Diversidade no Ministério da Justiça e Segurança Pública..
EEntregamos a ele nosso “documento de apresentação rápida” (https://autistan.rio/autistao-e-autismo/) e trocamos nossos cartões de visita.

Henrique Frota

Henrique Frota é Presidente da ABONG, Diretor-Executivo do Instituto Polis, e Presidente do C20.
Dissemos a ele que achamos sua apresentação geral sobre os problemas do mundo, feita nesta tarde, particularmente clara, completa e concisa, e perguntamos se ela havia sido gravada e estava disponível em algum lugar. Infelizmente, não, então teremos que gravá-la na próxima vez.

Juliana Cesar

Juliana Cesar, da Gestos, é Co-Presidente do C20.
Já temos conversas há bastante tempo. Para nós, ele é uma pessoa que possui uma espécie de poder “mágico” para resolver problemas de forma suave, com um mínimo de palavras e/ou ações.

Maria Fernanda Marcelino

(Marcha Mundial das Mulheres)

Embora nossa organização não tenha nenhuma posição (nem neutra nem outra) sobre o feminismo, apreciamos muito o seu discurso (https://youtu.be/PcIzw20r8Fs?t=1998), que consideramos muito acertado, sensível e comovente sobre diversos temas com os quais compartilhamos a visão (especialmente sobre a Natureza).
Por isso, expressamos nossa apreciação a ela mais tarde durante o evento.



Conclusão

Por enquanto, os autistas ainda estão muito raramente presentes nesses eventos e consultas, principalmente porque o autismo é frequentemente percebido, erroneamente, como uma forma de doença mental. Como resultado, os organizadores e políticos nem sequer consideram nossa inclusão. Seja em eventos presenciais (como hoje) ou mesmo por videoconferência, nossa participação geralmente continua difícil, principalmente devido à falta de acessibilidade. As interações sociais, a rapidez das trocas com pessoas não autistas, bem como a falta de tempo e atenção que nos é dada tornam esses contextos pouco favoráveis para nós.

É por isso que precisamos redobrar nossos esforços para superar esses obstáculos e garantir a presença dos autistas em eventos, consultas e processos de participação social e política que podem ter um impacto direto em nossas vidas. Já começamos a agir, participando ativamente com contribuições escritas e em reuniões no âmbito do C20 2024 no Brasil. Esses esforços começaram a dar frutos: o autismo foi mencionado pela primeira vez nos documentos oficiais do C20, certamente graças à nossa perseverança e ao nosso compromisso.

O C20, que reúne todos os países do G20 e até além, constitui uma plataforma única para discutir questões globais, incluindo aquelas relacionadas à inclusão e aos direitos das pessoas autistas. Por outro lado, o G20 Social 2024, organizado pelo governo brasileiro, concentrou-se principalmente na participação dos brasileiros, dando menos atenção à inclusão das pessoas com deficiência. Apesar dessa orientação, nossa presença neste evento provou ser valiosa, não apenas para desenvolver nossa rede de contatos, mas também para sensibilizar sobre a importância de incluir autistas nas discussões globais sobre inclusão social.

Nossa participação no “G20 Social” e no “C20” ajudou a reforçar a relevância do autismo em discussões mais amplas sobre inclusão social e redução das desigualdades. Ao integrar nossa perspectiva única, contribuímos para enriquecer esses diálogos e demonstrar que as preocupações dos autistas merecem a mesma atenção que as de outros grupos marginalizados.

Por meio desse engajamento, tivemos a oportunidade de conhecer novas pessoas interessantes e fortalecer nossos primeiros contatos com figuras-chave como Fabricio Prado e Gustavo Westmann. Essas interações não só abriram novas portas, mas também fortaleceram nossa posição nas discussões futuras, permitindo-nos construir alianças estratégicas para promover os direitos dos autistas.

Além disso, ao ouvir diretamente os ministros e especialistas, constatamos que as posições do governo brasileiro sobre questões como a exploração pelo “Norte Global” e a defesa da Natureza estão perfeitamente alinhadas com nossos próprios pontos de vista. Esse alinhamento oferece uma oportunidade estratégica para influenciar as políticas públicas futuras e promover uma melhor compreensão das necessidades dos autistas.

Nossa intervenção e a discussão em torno dos conceitos de “Burocratistão” e “desnaturalização da sociedade” enriqueceram os debates, destacando a necessidade de reformas mais inclusivas e políticas públicas mais adaptadas às realidades dos autistas. Ao expor essas questões, chamamos a atenção para a importância de integrar perspectivas diversas na tomada de decisões políticas.

Finalmente, “como bônus”, tivemos a sorte de sentir a “vibração” muito positiva do povo brasileiro durante este evento, especialmente quando todos cantaram o Hino Nacional Brasileiro, uma bela canção que reflete perfeitamente o que percebemos do Brasil: um país verdadeiramente cheio de potencial, generosidade, resiliência, calor humano e talentos. Este momento de solidariedade reforçou nossa convicção de que o Brasil pode ser um exemplo mundial de inclusão e respeito por todas as diferenças.

Convidamos todas as partes interessadas a continuar este diálogo essencial e a explorar mais formas de tornar os processos de tomada de decisão mais inclusivos. Trabalhando juntos, podemos construir um futuro onde todas as vozes, incluindo as dos autistas, sejam não apenas ouvidas, mas também respeitadas e levadas em consideração de maneira significativa.

Reflexões adicionais:

Também observamos que o governo atual do Brasil e a sociedade civil brasileira estão profundamente preocupados com a proteção da natureza, a defesa dos direitos dos povos indígenas e o apoio às minorias. Nesse contexto, é pertinente lembrar que nós, autistas, temos frequentemente explicado que somos mais adaptados à naturalidade, enquanto o principal problema que enfrentamos é a artificialização e a “robotização” da sociedade, bem como a desnaturação da espécie humana.

As consequências desse grave problema hoje são percebidas até mesmo por pessoas não autistas, e seria realmente benéfico e urgente que elas começassem a nos escutar e a entender que as medidas de acessibilidade (“autism friendly”) que reivindicamos (e que as autoridades não escutam ou entendem de maneira alguma) não são necessárias apenas para os autistas, mas também para todos os seres humanos, os animais e a natureza. Os autistas, nesse sentido, podem servir como “reveladores” ou “fusíveis” das falhas sociais atuais.

Além disso, as políticas de acessibilidade que solicitamos e que podemos explicar em detalhe não beneficiariam apenas os autistas, mas também permitiriam economias significativas de energia, custos de saúde, procedimentos judiciais, e muito mais. É hora de considerar a acessibilidade como um investimento essencial para um futuro sustentável e inclusivo, benéfico tanto para as pessoas autistas quanto para a sociedade como um todo.

Convite para Continuar o Diálogo

Para avançarmos em direção a um futuro onde todas as vozes sejam ouvidas, devemos continuar este diálogo essencial. Convidamos todas as partes interessadas a colaborar conosco para explorar mais formas de tornar os processos de tomada de decisão mais inclusivos. Trabalhando juntos, podemos não apenas melhorar as condições de vida dos autistas, mas também contribuir para uma sociedade mais justa, equitativa e vivível para todos.

 

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