Xawdrê e a Vereadora Tânia Bastos no Dia do Autismo 2024 em Ipanema, Rio de Janeiro

1. Apresentação

No domingo, 7 de abril de 2024, participamos do dia oficial de conscientização sobre o autismo no Rio de Janeiro.
Nessa ocasião, tivemos a oportunidade de fazer pelo menos dois encontros marcantes, que deveriam (esperamos) resultar em colaborações.

1.1. Vídeo geral do evento (16’33”)


2. Xawdrê e a Vereadora Tânia Bastos

2.1. Vídeo (6’17”) (incluido no ‘vídeo geral’ encima)

2.2. Xawdrê

O primeiro encontro marcante foi com um jovem autista vestido como um “super-herói”. Ele se chama Xawdrê (esse é o apelido que ele escolheu). Ele é um protagonista autista que explica coisas importantes para autistas e pais, que nos parecem perfeitamente pertinentes e alinhadas com o que estamos dizendo.

Embora obviamente ele não seja realmente um “super-herói” no sentido cinematográfico da palavra, e já que esses personagens são ficcionais (eles não voam etc.), achamos sua atitude verdadeiramente “heroica” porque ele é evidentemente intrépido, não tem medo do julgamento dos outros e não tem medo de experimentar coisas novas e ser criativo, o que corresponde precisamente aos princípios essenciais que estamos tentando explicar.

De fato, “tentar” e “experimentar” são realmente indispensáveis, ao contrário da tendência à superproteção infelizmente imposta com muita frequência aos autistas.

Entramos em contato com Xawdrê e tudo está indo bem.

2.2.1. Transcrição do discurso de Xawdrê

(Infelizmente, a parte inicial está faltando.)

“(…….) que nós somos limitados, só que isso não é verdade. O lugar do autista é em todo lugar. E um autista pode ser o que quiser.
Inclusive um super-herói. Porque todos nós nascemos para protagonizar. E é isso que estamos fazendo aqui.

Muitas pessoas falaram que eu tinha tudo para dar errado. Que eu não fiz as coisas que eu queria. Mas hoje, eu sou protagonista.
E eu sou um super-herói. E ninguém pode tirar isso de mim. Diagnostico, não é destino.

2.3. A Vereadora Tânia Bastos

A segunda pessoa particularmente marcante que encontramos foi a Vereadora Tânia Bastos, que é muito engajada com o autismo no Rio de Janeiro. Ela fez muitas leis municipais para os autistas e é a “madrinha dos autistas” no Rio.

Fomos apresentados a ela, conversamos um pouco e ela achou nossas explicações e o conceito da Organização Diplomática do Autistão muito interessantes.
Ela nos repetiu que gostaria de visitar nossa Embaixada (em Copacabana, Rio de Janeiro), o que é totalmente pertinente, já que essa Embaixada foi concebida exatamente para isso. Ela nos deixou seu número de telefone celular.

No vídeo abaixo, você pode ouvir o discurso dela, que achamos muito poderoso.

2.3.1. Transcrição do discurso da Vereadora Tânia Bastos

“Olha, a gente precisa falar do futuro, mas eu preciso primeiro falar do nosso passado. Nosso passado, que há 11 anos, iniciamos essa caminhada com aproximadamente 100 pessoas, com alguns balões de gás, para chamar a atenção, Luciano, de toda a população, em prol dessa causa que é tão nobre. Em prol dessa causa que, muitas vezes, nós tivemos vários embates, não só com o executivo, mas também com a própria sociedade, que discriminava totalmente as pessoas com transtorno do espectro.
 
Não posso falar do futuro sem antes dizer do nosso passado, quando batíamos na porta dos secretários para pedirmos ajuda. E muitos deles abriram as portas dos gabinetes para falar do transtorno. Inclusive, o Secretário, que ainda hoje é o Daniel Soranz, foi o primeiro Secretário a nos dar ajuda quando ele colocou à disposição toda a equipe dele para fazermos a nossa cartilha que fala sobre o transtorno de uma forma lúdica e para que essa cartilha fosse entregue para todas as unidades da rede de saúde.

Daniel Soranz foi o primeiro parceiro do executivo a abrir essas portas para a gente. E é fundamental nós darmos ênfase a essas pessoas que iniciaram conosco quando ninguém sabia ainda o que era o transtorno do espectro. 
Eles cresceram, Luciana… Luciano, eles cresceram. Aqui, olha. Eles cresceram.
 
E nós sabemos o quanto ainda lutamos em prol dos seus direitos. Ainda há pouco, junto com a Denise Aragão, ela me pediu para que fizéssemos uma lei do disque-autismo. E nós já demos entrada na Câmara e esse projeto de lei já está tramitando nas comissões e nós iremos votar nas próximas semanas.

Esse disque-autismo tem que existir. Tem que existir na nossa cidade. Porque são muitas leis que não são cumpridas por as pessoas com vários direitos e eles não fazem absolutamente nada.
E aí, quando eu falo eles, eu falo tanto o poder privado quanto o público. Eu não posso apenas apontar o dedo para o poder público, mas o poder privado. Porque muitas famílias, ao chegarem em uma escola particular e ao falarem que o seu filho tem o transtorno, as portas se fecham.
Eles dizem que não tem vaga. Então, isso é um absurdo. E em pleno século XXI, a gente está aqui ainda lutando pelos nossos direitos.
 
Então, falar do futuro agora é dizer que todas as leis precisam ser cumpridas, que nós merecemos respeito e que não há ninguém nesse mundo que vai calar a nossa boca. Porque nós estamos aqui lutando por nossos direitos.
Direitos iguais, como está aqui.
Somos todos iguais. Então, por isso, os nossos direitos precisam ser iguais. Para todos.
 
Então, Luciano, o meu muito obrigada. E eu faço votos que a Câmara Municipal e eu tenho certeza que irão fazer os cumprimentos. Está aqui ao meu lado a minha querida amiga, Luciana Novaes, vereadora, junto comigo, que luta pela causa das pessoas com deficiência.
 
E aí, Luciana, não tem aqui nada que venha nos parar. Você que está aí, sempre, em todas as sessões, falando, discursando junto comigo. Isso é fundamental.

É união. Nós não somos adversários em momento algum. Nós temos que estar unidos em prol da causa.
Quando a gente vê algumas caminhadas, porque essa foi a primeira que aconteceu no Rio de Janeiro. E quando a gente vê pessoas querendo dividir, é muito ruim, porque nós precisamos mostrar força. E não tem A, não tem B e não tem C.
Não tem time algum que as pessoas precisam entender isso. Não é um time, não é um jogo de futebol onde um perde e o outro ganha. Todos têm que ganhar.
Precisamos estar unidos para fazermos com que essa causa seja reconhecida, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o mundo. Eu estarei do dia 20 a 27 na Argentina, palestrando sobre a causa do autismo. Vamos levar a causa para outros países e falarmos sobre as nossas leis, o quanto nós estamos aqui à frente de muitos países.
 
Esse é o recado. Não queremos aqui medir forças. Queremos apenas unir forças.
Esse é o nosso propósito. Obrigada, Luciano.”
 

2.4. Início de uma concretização esperada de nossas relações

2.4.1. Documento fornecido pela Vereadora Tânia Bastos (com seu número de telefone direto)


3. Outras pessoas

Certamente havia muitas outras pessoas “importantes para a causa”, mas não tivemos a oportunidade de conhecê-las, exceto o Ouvidor do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que achamos muito simpático e informativo (porem não fizemos fotos ou vídeos).
(Aqui está um artigo feito por este Ministério Público, que justamente menciona Xawdrê.)


4. Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer à Sra. Amélia Rosauro, Coordenadora da Acessibilidade da UFRJ, por nos encorajar a participar deste evento da caminhada pelo Dia do Autismo e por seus esforços para divulgar nossa iniciativa (nossa organização).

Naturalmente, também gostaríamos de agradecer à associação Mundo Azul, que organiza esta caminhada todos os anos.

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